quinta-feira, 14 de abril de 2011

Rascunho HQ #21:Batman: Uma Morte em Família


Rascunhado Por:Alvaro
Uma Morte em Família é uma das mais importantes histórias do Batman até hoje. Focada no segundo Robin, o garoto Jason Todd, aqui foi a primeira vez na história dos quadrinhos DC em que os fãs tiveram participação ativa na decisão editorial que consistia no destino deste Robin: vida ou morte. Muitos fãs não acreditaram que a editora teria coragem de matar um herói juvenil, ainda mais baseada na decisão dos fãs, mas, como sabemos hoje em dia, a coisa não foi bem assim. Os textos são de Jim Starlin, que na época já era muito conhecido, e o grandioso artista Jim Aparo fez os desenhos das revistas, que, originalmente, são: Batman #426-#429. Vamos conhecer um pouco da história.

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A relação de Jason Todd com Bruce Wayne ia muito mal devido à insubordinação do garoto e suas atitudes suicidas em missões noturnas contra o crime. O Morcego decide tirá-lo de circulação, entendendo que oi um erro colocá-lo como seu sidekick sem que ele tivesse superado de forma correta a morte de seus pais. O ressentido garoto não toca no assunto de forma alguma e sai de casa. Caminhando por um antigo bairro, ele se depara com a Sra. Walker, grande amiga de seus pais e que lhe entrega uma série de lembranças da família dele que estavam de posse dela, como fotos antigas, papéis, agendas e certidões.
Observando sua certidão de nascimento, ele descobre que o nome verdadeiro de sua mãe, que estava quase totalmente apagado, começava com “S” e não com “C” como ele sabia até então (Catherine Todd). Isso lhe faz pensar que sua verdadeira mãe ainda estava viva e ele deveria procurar por ela a todo custo. Procurando por mais informações sobre ela, ele descobre a agenda de seu pai que tinha três nomes começados com “S”, e procurando por elas no Batcomputador ele descobre que todas estão nas regiões do Oriente Médio e da África. Jason decide que deve procurar por elas.
Enquanto acontecia tudo isso, o Coringa escapava novamente do Asilo Arkahm deixando um rastro de morte por seu caminho, e o Batman descobre que seu nêmesis havia conseguido um míssil nuclear pare negociar com terroristas. Àquela altura do campeonato, Bruce havia descoberto o paradeiro do vilão e de seu parceiro mirim, e são pontos que quase se coincidem – uma das pistas que o Morcego segue, um homem chamado Lebanon, havia sido encontrado por Jason também, e ambos acabam se vendo em Tel Aviv, fazendo com que o Batman prometa ajudá-lo em sua busca. Ainda em Tel Aviv, o Batman consegue uma pista de um ataque terrorista provocado por uma das armas nucleares do Coringa, e na cena estava uma agente do Mossad chamada Sharmin Rosen, que era uma das mulheres listadas pelo pai de Jason em sua agenda. Mas ela nega ter tido qualquer filho em Gotham City.
Outra das mães suspeitas é ninguém mais e ninguém menos que Lady Shiva, velha conhecida da dupla dinâmica, que acaba sendo encontrada quando eles seguiam uma pista de um campo de treino de terroristas. Após uma luta quase fatal para o Homem-Morcego, ele consegue subjugar a lutadora e usa um soro da verdade para fazer com que ela fale se é mesmo a mãe de Jason.
O último ponto agora é a Etiópia, onde está uma mulher chamada Sheila Haywood, uma enfermeira agenciada para ajudar as pessoas mais necessitadas do pobre país. É descoberto que ela é a mãe verdadeira de Jason, e eles tem um grande e emotivo encontro. Entretanto, sem que os heróis soubessem disso, Sheila, enquanto esteve em Gotham anos atrás, promovia abortos ilegais, e foi chantageada pelo Coringa para que ela lhe dê os poucos medicamentos que tem.
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Coringa não apenas vende os medicamentos para o mercado negro a um alto preço como também substitui o conteúdo dos frascos pelo seu gás do riso, para matar todos.Sheila acaba se aproveitando de algumas coisas também dentro da agência e acaba entregando seu próprio filho, vestido de Robin, para o vilão. O Coringa brutalmente espanca o Menino Prodígio com um pé de cabras e o larga para morrer num armazém com sua mãe, traída pelo vilão também, com uma bomba de tempo armada. Sheila Robintentam desesperadamente saírem do armazém, mas não há mais tempo: a bomba explode e o Homem-Morcego chega tarde demais para salvar os dois.
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Os corpos são levados para serem enterrados em Gotham. Já que nenhum deles têm parentes a serem encontrados, o serviço funerário conta apenas com Bruce Wayne e três amigos: Alfred, o Comissário Gordon e sua filha Barbara numa cadeira de rodas, também vítima do Coringa. Culpando a si mesmo pela morte de Jason, o Batman resolve continuar sua batalha sozinho, inclusive negando a sugestão de Alfred de pedir a ajuda de Dick Grayson, seu parceiro original nesta guerra sem fim.
O Coringa, enquanto isso, se reúne com Aiatolá Khomeini, que o oferece uma posição no governo iraniano. É claro que o Palhaço deixa a sala com todos mortos e um endereço que o Batman facilmente encontra, revelando-se ser onde fica o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Enquanto espera do lado de fora do prédio, o herói encontra-se com o Superman, enviado até á pelo Departamento de Estado. O Homem de Aço tenta convencer seu amigo a partir dali, em vão. Superman então pergunta a ele sobre Jason, bem no momento em que o Coringa aparece: como representante do Irã na ONU.
Ralph Bundy, um contato dentro da CIA, diz ao Batman que ele deve ficar longe do vilão, pois isso poderia causar um incidente diplomático sem precedentes, o qual o governo americano queria evitar a todo custo. Com isso, o Coringa ganha imunidade diplomática e todos os seus crimes são jogados debaixo do tapete. Ele aparece lá, para dar uma declaração para a Assembléia Geral, vestido dem roupas árabes, e Bruce Wayne usa sua influência para ver tudo como um observador não-oficial. O coringa chega a cumprimentá-lo.
O discurso do Coringa constitui em afirmações dizendo que os iranianos são tratados com desrespeito pelo resto do mundo, anunciando que ele não aceitará mais esse tratamento e libera seu gás do riso para toda a Assembléia. Porém, a segurança local consegue impedir que a arma seja inalada por todos, tirando todo mundo de lá a tempo. O Superman sai de seu disfarce de repórter e tenta tirar o gás do prédio o mais rápido que pode, enquanto o Coringa e o Batman lutam. O vilão consegue sair do prédio e entrar num helicóptero enviado por seus patrocinadores. O Batman sobe nele também e, durante o voo, um dos capangas do vilão abre fogo com uma metralhadora e as balas atingem o Palhaço do Crime e o piloto, que perde o controle, fazendo o veículo voador cair no meio do oceano.
Superman salva o Batman, que o pede para encontrar o corpo do Coringa. Obviamente, o corpo de seu arqui-inimigo não foi encontrado, e o Batman lamenta que tudo entre ele e o Coringa termine desta forma: sem solução.
Decisões Editoriais
O editor dos títulos do Batman na época era Dennis O’Neil, e ele acreditava que os leitores deveriam ter uma participação maior no processo de criação de histórias. Partiu dele a idéia de que os fãs deveriam decidir o destino do segundo Robin, via telefone, idéia que foi aceita pela presidente da DC naqueles tempos, Janette Kahn, e ambos concordaram que os fãs deveriam votar para algo importante, e não insignificante. Com isso, Jason Todd era a escolha óbvia, já que a DC sabia que, na época, o personagem era bem impopular.
A votação durou 36 horas, e o resultado foi quase um empate: 5.343 leitores votaram para que ele morresse e 5.271 votaram para que ele vivesse. Independente da vitória da maioria, quando a morte do herói foi publicada, a DC foi extremamente rechaçada pelo feito, inclusive pelo escritor Frank Miller, que na época disse: “Essa decisão foi uma das coisas mais feias que os quadrinhos já publicaram até hoje, um verdadeiro cinismo”.
Análise
Todo o contexto desta história de Jim Starlin é completamente descabido. O desenrolar da trama deixa claro que a história foi encomendada pela edição da DC para que fosse dado o destino de Jason Todd.
Os quadrinhos dos anos 1980 já tinham um foco muito mais adulto que os da décadas anteriores, com fatos mais interessantes nas vidas dos personagens, vários acontecimentos calcados no mundo real e toda aquela sujeira da época, momento político em que os EUA tinham apenas a si como inimigo e tratou de arranjar guerras para ferver os corações patrióticos do povo, o que acontecer na guerra do Iraque. Daí, certamente, veio o envolvimento de terroristas e do Oriente Médio nesta história, mas tudo é muito superficial.
A morte de Jason é realmente emocionante, bem como a última centelha de esperança de que ele possa sobreviver a tudo com sua mãe e finalmente ter alguém bom em quem se espelhar, mas as histórias em quadrinhos, ao contrário da vida, não são feitas de momentos, e só isso não salva esta história, infelizmente.

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