segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Rascunho HQ#27: Transmetropolitan

"Você quer saber sobre votar? Eu vou te contar sobre votar. Imagine que você está trancado numa casa noturna cheia de pecadores, putas, aberrações e coisas inomináveis que estupram pitbulls por diversão. E você não pode sair dali até que todos vocês votem no que vocês vão fazer nessa noite. Você gosta de relaxar e assistir “Reserva do Partido Republicano.” Eles gostam de fazer sexo com pessoas normais usando facas, armas e novos órgãos sexuais que você nem sabia que existiam. Então você vota na televisão e todo o resto, sem excessão, vota em te fuder com navalhas. Isso é votar. De nada.

- Spider Jerusalem



Transmetropolitan é uma revista em quadrinhos criada pelo escritor Warren Ellis (Hellblazer, Planetary) e pelo desenhista Darick Robertson (The Boys), publicada pelo selo Vertigo da DC Comics. Transmet, como é abreviada, se passa no futuro e conta a história de Spider Jerusalem, um jornalista da metrópole americana conhecida apenas como “a cidade”, e sua busca incessante pela verdade.

Diferente do que estamos acostumados em histórias de ficção-científica em que o futuro foi acometido por uma catástrofe climática ou uma guerra nuclear ou a sociedade atingiu uma utopia de paz e prosperidade, o futuro de Transmet é apenas uma continuidade da sociedade atual. Por um lado há pobreza e corrupção política e por outro temos avanços tecnológicos incríveis, um avanço social em relação a costumes e as pessoas vivem de uma forma melhor, na maioria das vezes. É basicamente um exagero da sociedade atual.

Spider Jerusalem é um jornalista frente de linha que vai à fundo em busca de material para sua coluna “I Hate It Here” (Eu Odeio Aqui) no maior jornal da cidade. Ele havia se tornado famoso com suas colunas e fechou vários contratos para livros e se retirou para viver como um eremita nas montanhas, mas quando o dinheiro acabou e ele ainda não tinha escrito mais dois livros que faltavam ele se viu forçado a voltar à cidade, o único lugar em que ele realmente pode escrever.

Apesar de todo esse idealismo, Spider não é um cara bonzinho. A personalidade de Jerusalem é uma mistura de sarcasmo, desprezo e loucura, ele frequentemente agride quem o irrita e adora usar sua arma favorita, o disrupitor intestinal, um aparelho que literalmente deixa o alvo cagado, e leva tudo às últimas consequências se isso significar conseguir sua história. Além do fato que fuma o tempo todo, Spider usa dos mais variados tipos de drogas que existem chegando a injetar heroína no próprio olho em busca de inspiração.

O personagem de Spider foi baseado no escritor e jornalista americano Hunter S. Thompson, autor do livro Fear & Loathing que teve uma adaptação de mesmo nome com Johnny Depp no papel principal. Várias das características de Spider vieram de Thompson, como seu uso abusivo de drogas, fascinação por armas e sua personalidade explosiva. Além do personagem em si, outros elementos da carreira da Thompson aparecem no gibi, como quando o escritor seguiu as eleições presidenciais de 1972 e seu ódio por Richard Nixon, cujo ele considerava o pior ser humano na face da terra.

Jerusalem possui duas assistentes que o ajudam quando precisa, Sharon Yarrow, uma ex-stripper que futuramente se tornou sua guarda-costas, e Yelena Rossini, estagiária e parte de uma família influente no mundo político. Apesar de admirarem Spider por seu profissionalismo, elas têm um nojo profundo pelo chefe que as chama de “assistentes sujas”.

A revista explora além de corrupção política problemas sociais como pobreza, banalização da violência, abuso de poder policial, censura, religião e prostituição infantil. Dentro da trama que os personagens se encontram há também o drama pessoal pelo qual Spider passa quando sua fama retorna ao auge e ele passa a não ser mais levado a sério, tendo um bloqueio de escritor quando a cidade deixa de odiá-lo.

O avanço tecnológico tem um grande papel no universo de Transmetropolitan e sem ela muitas das histórias não seriam possíveis. A revista tem uma mistura de tecnologia cyberpunk com o ambiente urbano metropolitano. Ao mesmo tempo que temos prédios e carros na rua existem pessoas andando por aí com mil implantes pelo corpo, com fios e cabos saindo da cabeça ou telas de LCD no lugar dos olhos. Spider usa de vários aparelhos eletrônicos para conseguir suas histórias como câmeras microscópcas e detectores genéticos, ou máquinas que realinham os atômos de qualquer objeto para criar outro diferente.

A série é uma história fechada e possui 60 edições além de dois especiais, Transmetropolitan: I Hate It Here e Transmetropolitan: Filth of the City que são trechos de colunas escritas por Spider com desenhos de vários artistas, e um especial de Natal. Vale muito a pena para quem procura por um história com personagens envolventes e carismáticos e com bastante humor negro e tecnologia futurista.

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